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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Aquela paixão não passou de um poema escrito num pedaço de papel que ardeu





Escrevi aquele poema na minha própria alma

com a tinta doirada do meu amor

e com toda a minha arte

na esperança de que ela o lesse

e o guardasse com o ardor

em seu coração

 

Ela tomou-o, porém

por um aparte

burlesco

literatura de cordel

 

Pediu-me

ainda assim

o que fiz com frenesim

que o escrevesse num pedaço de papel

que mal leu

e que depois de amassá-lo

acabou por cremá-lo

em fugaz incêndio

no grosseiro cinzeiro

de vidro vulgar

 

Sobrou um montículo de cinza

que com um sopro

leve

e um despiciendo piparote

sacudiu do decote

 

Não tem porque se lamentar

agora

que anda perdida

a esmo

a lamentar-se de não me ter dado a merecida atenção

 

Aquela paixão

indevida

não passou disso mesmo

 

De um poema que escrevi

com frenesi

num pedaço de papel

que ardeu

só porque ela não o mereceu

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 29 de Novembro de 2011

Henrique António Pedro

 

 

 

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