IV
Implosões de poesia
Agora,
sim, estou no olho do furacão!
Trespassado
de medos e de angústias
Como
se mil balas me trespassassem
E
mil e uma explosões
Me
estraçalhassem o corpo
E
o seu sopro
Me
esfrangalhasse
A
razão
Não!
Não é esta a minha terra
Que
tenho eu a ver com esta guerra?
Seguro
a arma com uma mão
Com
a outra calo o coração
Mas
o coração não desarma
Outro
humor me anima
Se
o mecanismo corporal
Animal
Injecta
cada músculo e neurónio
De
adrenalina
Mesmo
assim prefiro combater
Por
minha conta e risco
De
mão dada com a linda mulher
Que
em Cabul comigo
Partilha
esta aventura
E
o mesmo perigo
Com
o sangue frio por fora
E
a ferver por dentro
Da
emanação feminina
Não
há contratempo
Que
nos faça deter
Em
nossa ousada ousadia
Tudo
podemos perder
Estou
ansioso por voltar
A
Cabul
Com
uma razão válida para lutar
Para
lá das demais que aprouver:
- A libertação da mulher!
Lá
Tudo
que nos faz temer
Mais
nos faz implodir
Em
implosões de poesia
Afeganistão, Ponto GPS Mercúrio, 25082005
Brian P. Smith
Apostila:
Cumpro
as missões mais ousadas que imaginar se pode. Que me obrigam a saltar de
pára-quedas, durante a noite, sobre os acerados picos das inóspitas montanhas
do Indocuche, a percorrer, disfarçado de burca, as ruelas esconsas de Cabul ou,
como agora, a combater de arma na mão no tenebroso Vale Panjshir.
Mas
espero regressar, em breve, a Cabul. Na esperança de que me sejam atribuídas
novas missões, acompanhado da linda turca que se converteu na única razão
válida para que eu continue a travar esta guerra. E, com ela, lutar pela
libertação plenas de todas as mulheres. Muçulmanas ou não.
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