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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Eu sabia que um qualquer dia





Eu sabia que um qualquer dia

 

Eu sabia

que um qualquer dia

havia

de lá tornar

 

Era o coração que mo dizia

 

E que ao lá voltar

tornava a muitos mais lugares

separados no tempo

espalhados mas ligados

no mesmo fio de sentimento

numa estranha conexão

que só mais tarde compreendi

 

Só não sabia

que seria

assim tão de repente

sem razão visível

nem causa aparente

e que sentiria o que senti

 

Só não sabia

que encontraria

tudo assim tão diferente

tantos espaços desertos

tanta gente ausente

tantos silêncios abertos

 

Fiquei por isso parado

calado

no doce prazer de sofrer

a recordar

tomado de nostalgia

 

Daquela galega morrinha

que ainda agora

agorinha

me não mata

mas me mói

 

Doer

de verdade

dói a saudade

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 7 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro 

in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)

sábado, 31 de janeiro de 2015

Poesia que sinto e não escrevo


 

Passa nas nuvens
nos sonhos
nos desejos
a correr
fugaz

Sob mil formas de amar
e de sofrer
de vento
e de contratempo

A poesia que sinto e não escrevo

Porque não sei
não quero
não tenho tempo
ou não sou capaz

A poesia que sinto
e não sei escrever
é angústia
é tormento

Epifenómeno do meu viver

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O AMOR COMO O FOGO


 
 
Percebemos o fogo
como algo exterior aos corpos
que os queima
os consome
e reduz a cinza

Na verdade
o fogo
está neles

É o Sol aprisionado
que se liberta
na combustão

Percebemos o amor
como algo que nos é exterior
se apodera de nós
e nos transforma

Mas não
o amor está em nós

É centelha divina
que se liberta
e retorna a Deus

sábado, 10 de janeiro de 2015

Plantando poemas


 

 

O meu exercício predilecto
que faço com agrado e afecto
é plantar um poema
com a pena
ou com o teclado

Ou simplesmente com a pá
quando escavo o húmus da vida
e planto árvores
sorrisos e abraços
por todo o lado

Uma tília perfumada que seja
um pé de chá
ou uma chávena de café
simpatia que se veja

E o odor da infusão
e a força da fé
penetram fundo no meu coração
me transmitem calma
e me deixam a alma
consolada

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Um Novo Ano já este ano era bom que fosse


 

 

Uma volta mais a vida dá
em torno do sol
da ilusão

Sem se saber desde quê
e até quando
baterá
o coração

Folha de calendário
encadernado em fadário

Desprendida dos ramos
dos anos

Despedida de tudo
chegada de mais nada

A não ser
mais sonho
mais dor
menos amor
e parca poesia

Baile de fantasia

A alegria e o sofrimento
não têm tempo

Trá-los
e lava-os
o vento

Um novo ano já este ano era bom que fosse

Diferente
para tanta gente
para quem todos os anos são iguais
fartos de lágrimas e ais

domingo, 28 de dezembro de 2014

Não só pelos olhos a alma sai


 

 

Não só pelos olhos a alma sai
para se dar a ver
e ver o mundo

Para se cruzar com outras almas
e se dar a conhecer

Não só pelos olhos a alma sai
para se divertir

Também pelos lábios
a sorrir

Não só pelos olhos a luz entra
para iluminar
a Razão

Também pelas mãos
ouvidos
e demais sentidos

É com olhos acesos na alma
que vemos no escuro
e o espírito se ilumina

É pela auto-estrada do coração
que alma circula
se anima
e estua
noutra dimensão