Não fumo nem nunca fumei
não compreendo por isso esta imagem triste em que me inspirei
Cada poema que escrevo é um fósforo que risco
na obscuridade
Ouço-lhe o ruído breve
característico da ignição
esforço-me por proteger a chama pequenina da verdade
com a concha da mão
o tempo suficiente para acender um cigarro
de amor e martírio no meu coração
A sonhar que arde
aquece
ilumina
anima
e não mais se esquece
Se ata
se ateia a outra e a outra candeia
em cadeia
Que é uma fogueira de ideia
de poesia
que ilumina a Terra inteira
Oh, Deus!
Cada poema que escrevo
é mais que um fósforo que risco
para acender um cigarro
a que me amarro
para deixar arder
e esquecer
É uma chama de amor que arde
sem se ver
Vale de Salgueiro, quarta-feira, 27 de Outubro de 2010
Henrique Pedro