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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Quando a poesia acontece mesmo sem inspiração.




Já a Primavera se transmuda em Verão

Já o Sol se põe
e muda de posição
deixando atrás de si
um resplendor alaranjado
que se desvanece
e me deixa extasiado
enquanto o céu escurece
e a Terra se encobre de escuridão

Já a Lua brilha cristalina
já se acende a estrela  vespertina
depois outra após outra
marchetando o Firmamento
que por fim se ilumina
de cerúleo polimento
mais abrangente

Nenhuma ideia brilhante
nenhuma palavra redundante
uma rima sequer
indiciam poemas na minha mente

Nem eu tristonho
me predisponho a poetar
assim mergulhado na soledade
do fim do dia
extasiado com a serenidade
da contemplação

Sob o olhar da Lua
que em silêncio percorre o céu
e me olha
como se estivesse ali postada
ela sim
para a mim
me contemplar
e cobrir com o seu véu

Mas eu não tenho dilemas
penas para espiar
ninguém para namorar
nada de poemas
um verso que seja para escrever

apenas solidão

Nada à Lua posso dar

nada a Lua me oferece
à Lua nada pedi

A poesia acontece
por si
mesmo sem inspiração





sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Com poesia a mim mesmo me engano



Confidencia-me o seu segredo mais íntimo
que silencio nos ouvidos
e sepulto no coração

Ouso ir mais além
porém

Codificar o segredo em poema
e lançá-lo ao vento
também

Ficará bem melhor guardado
ainda assim
por todo o tempo

Porque a poesia é a arte de enganar
com a verdade
de esconder tristeza com alegria
de disfarçar com amizade
a paixão

Por isso as palavras me saem da mente
agora
em torrente
sem chama
nem drama
nem razão

Concertadas em poema depenado
cujas pétalas perfumam o chão
agridoce
dessa doce intimidade
com que ela me desengana
sem me causar maior dano

Na verdade
sou eu
que com poesia
a mim mesmo me engano

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Poente




Caminho
recto
na direcção poente

De cabeça baixa
porque o Sol não me deixa que o olhe de frente

Sol que me aquece o corpo
me doira a pele
me energiza a alma
em tarde calma
quando ainda o horizonte s afasta de mim
se transfigura
volátil
e surge sempre mais além

Só no exacto momento em que o Sol se esconde
o consigo ver
transformado em arco resplandecente
que rápido se dilui em poalha de luz
morno calor
que me induz
a parar

Fico a pensar
extasiado
iluminado
pelo halo de amor
que persiste
dentro de mim

terça-feira, 19 de julho de 2016

Ouvindo o silêncio em solidão



Dá-me prazer ouvir
o silêncio
em solidão

Prazer que advém da alegria interior
de procurar companhia
mais além
fora do mundo
e do tempo

De ouvir em meus ouvidos
o ruído que traz o vento
do cosmos profundo

De o sentir em todos os sentidos
e de o calar
bem fundo
dentro de mim
para aí o interpretar

Fora da razão
ainda assim

terça-feira, 5 de julho de 2016

O beijo de uma flor



É uma glória pequenina

maior que a minha vaidade

ainda assim

uma infinita felicidade

o ser beijado por uma flor

 

De ser aspergido com seu pó de pólen

perfumado do seu odor

ficar para sempre enamorado

e ligado

a esta alegre

embora breve

glória

 

História ínfima

efémera

ébria de candura

instante eterno

que não perdura

 

Momento superno

de desejo

e de amor

é o beijo terno

de uma flor


Vale de Salgueiro, sábado, 24 de Novembro de 2012

Henrique Pedro


terça-feira, 14 de junho de 2016

O lugar de Deus está vago e a concurso




Quem não sentiu já
um vácuo na alma
um vazio no coração?

Porque perdeu um ente querido

chegou ao fim uma paixão
caiu no olvido
de alguém

porque não se encontra
ou sofreu uma grande desilusão

Ou por mera angústia constitucional

E quantos não ocuparam esse espaço vazio
com sarcasmo
riso idiota
obscenidade
álcool
droga
raiva
revolta
ódio
agressividade?

Pois é…

mas o vazio continua lá
em aberto

a doer e a causar dor
sendo certo que só o amor
de verdade

o poderá preencher
porque esse é o lugar de Deus

Lugar que está vago

e a concurso

e a ele concorrem

todas a forças do mal