Martelo palavras sem jeito
ao ritmo que o coração
sem apelação
me bate no peito
Teclo por teclar
sem pauta nem rima
é a angústia que me anima
Sentimento sem razão
sem tegumento
que se me enrola no corpo
qual sarmento de videira
Quiçá sopro de vento divino
que me embriaga como vinho
a vida inteira
Sou um cálice transbordante de poesia
poção efervescente de fantasia
que me torna mais liberto
Bebo o meu próprio sangue
e mesmo exangue
continuo a cantar
Até que adormeço
certo que mais desperto
tornarei a acordar
Vale de Salgueiro, domingo, 13 de Dezembro de 2009
Henrique António Pedro