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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Fadas, Faunos e Fragas

 


Quem me dera poder viver no seio da Mãe Natureza

Tendo por morada o ninho duma águia

A cova dum lobo

A covil dum cão

A toca duma amorosa raposa

Ou a lura duma lebre alegre

Como tantas que se acoitam com destreza

Nos fojos profundos do quadraçal

Onde há milénios corre silencioso

Em seu leito de mistério e emoção

Povoado de fadas, faunos e fragas

O meu amoroso rio Rabaçal

 

Pernoitar entocado entre penedos

Não sentir frio, calor ou medos

Nem outro incómodo maior

Que a mística enxerga matriz da humanidade

Que acomodava Francisco de Assis

 

Alimentar-me de medronho e de amoras silvestres

Beber água pura da nascente

Namorar ao luar

Tendo as estrelas como luzeiros para me alumiar

E a sinfonia tangida pela brisa do cair da tarde

Nas copas dos pinheiros altaneiros

Para me tranquilizar

 

Apenas morrer quando me apetecer

Deixando meus poemas gravados nas pedras disformes

Informes do amor e da verdade que a todos redime

 

E continuar a evolar com alegria

Nesta fantasia sublime

Qual fauno converso neste universo

Que é templo de palavras lavradas em verso

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2010

Henrique António Pedro

 

 

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