Quem me dera poder viver
no seio da Mãe Natureza
Tendo por morada o ninho
duma águia
A cova dum lobo
A covil dum cão
A toca duma amorosa raposa
Ou a lura duma lebre
alegre
Como tantas que se
acoitam com destreza
Nos fojos profundos do
quadraçal
Onde há milénios corre
silencioso
Em seu leito de mistério
e emoção
Povoado de fadas,
faunos e fragas
O meu amoroso rio Rabaçal
Pernoitar entocado entre
penedos
Não sentir frio,
calor ou medos
Nem outro incómodo maior
Que a mística enxerga
matriz da humanidade
Que acomodava Francisco
de Assis
Alimentar-me de
medronho e de amoras silvestres
Beber água pura da
nascente
Namorar ao luar
Tendo as estrelas como
luzeiros para me alumiar
E a sinfonia tangida
pela brisa do cair da tarde
Nas copas dos
pinheiros altaneiros
Para me tranquilizar
Apenas morrer quando
me apetecer
Deixando meus poemas
gravados nas pedras disformes
Informes do amor e da
verdade que a todos redime
E continuar a evolar
com alegria
Nesta fantasia sublime
Qual fauno converso neste
universo
Que é templo de
palavras lavradas em verso
Vale de Salgueiro, sexta-feira,
12 de Fevereiro de 2010
Henrique António Pedro
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