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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Filosofando a caminho da morte


in “Angústia, Razão e Nada “ (Editora Temas Originais-Setembro 2009)

Caminho para a morte desde que nasci
Ao som da sinfonia do dia-a-dia
Morro sempre que alguém morre
Renasço quando alguém nasce

Sinal de que não morri

Ainda

Sou um gladiador no circo do Universo
Lançado às feras das emoções
Ganha sentido este verso
Descolorido
Sem o tom indevido das ilusões

Desfalecem-me olhos e ouvidos
Avivam-se desejos e afectos
Melhor ouço o Cosmos e o Além
Prenuncio de que continuo a viver

E ainda bem

Ontem mesmo enterrei um amigo
Um irmão
Sem compreender a razão

Porque morreu
Primeiro que eu

Desta vez foi ele que ganhou
Que chegou primeiro à meta
Será que tinha a alma mais aberta?!

Amanhã irei ao baptizado
Duma criança que não sabe ainda
Que nasceu e tomou o lugar

Dalgum finado desavindo
Que partiu e não se despediu

Porque me não liberto eu

Dos desejos e afectos
Das vaidades e ambições
Das malhas das religiões
Da vã glória da História?

Se é certo que caminho para a morte
E que ninguém tem melhor sorte

Que viver a vida enquanto puder


Que outro César me poderá poupar
Senão o Amor
Que me condena a amar…
E a morrer
…devagar!?

Vale de Salgueiro, 24 de Março de 2008
Henrique António Pedro

 

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