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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Luar




Passo um braço pelos teus ombros
com doçura
e tu abraças-me pela cintura

Assim abraçados
e para Sul voltados
as nossas silhuetas recortam-se no luar
sob a abóbada celeste azul
brilhante
ponteada de estrelas
em incessante bruxulear

Dizes-me que gostarias de viajar
até à estrela mais distante
a mim assim abraçada
e perguntas-me em que penso eu

Penso numa estrela mais próxima
cujo coração sinto cintilar
aqui
penso em ti
respondo
inebriado de paixão

A noite ilumina-se com o teu sorriso
abraçamo-nos ainda mais forte
voltados agora um para o outro
cada um para o seu norte
recortando o nosso amor
no luar

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Aqui tão perto de nós, o Além




A vida

não é o momento em que vivemos

começa antes de nascermos

e vai mais além

 

Mas não é além

no horizonte

o Além

 

É já ali

numa avenida da vida

na angústia perdida

aqui

além

ao virar da esquina

da ilusão

 

A norte da morte

a sul da saudade

oriente da esperança

poente da ambição

dança e contradança

do coração

 

Viver e morrer

é destino de toda a gente

infortúnio e felicidade

mentira e verdade

inexoravelmente

 

Todos para lá vamos

ninguém de lá vem

do Além

velhos ou novos

trôpegos

sôfregos

mais velozes que qualquer avião

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 9 de Fevereiro de 2010

Henrique António Pedro

 

 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

AQUI…




Aqui, cume do monte dominante
De um reticulado curvilíneo
De colinas moldadas no fascínio
Da alma do poeta diletante

Aqui, nasceu, em mim, a poesia
Pela magia do amanhecer
Com reflexos de fé e bonomia
Que também brilham ao entardecer

Aqui, sempre me quedo, radiante
À hora que o Sol se põe, sanguíneo
Por detrás do horizonte distante

Aqui, face ao Mundo a sofrer
Ao Senhor dos Aflitos eu pedia
Não deixasse, Ele, de lhe valer…


Vale de Salgueiro, domingo, 10 de Agosto de 2008
Capelinha do Senhor dos Aflitos (Alto da Serrinha)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Vivo ameaçado de morte




A vida não passa
de permanente ameaça
de morte

Tenho medo!

Sinto-me perseguido
angustiado

Esperava melhor sorte

Sou forçado a viver
condenado a morrer

Procuro
por isso
um lugar seguro
no Universo
longe ou perto
onde me possa esconder
e refugiar

Para lá me libertar
poder livremente viver
e amar
sem sofrer

E sem ter que pagar
o preço de perecer

terça-feira, 2 de abril de 2013

A uma poetisa sublime




Maior é o meu enamoramento
agora que se cumpre mais um ano
deste fastidioso afastamento

Componho um ramo de versos perfumados
colhidos no âmago do meu jardim
e floridos em rimas de ternura
que enfeito de mil beijos e desejos
aspergidos com o viço das rosas
e a candura do jasmim

O mesmo mágico perfume
com que me incensavas
e me enfeitiçavas
tu
a mim

A que junto um cartão de oiro debruado
alvo como pétala de açucena
completamente virgem e branco
para que sejas tu
com o teu génio e encanto
a gravar nele o teu melhor poema
que eu sei
fala
do teu amor
por mim

Ramo que ato
com forte e terno abraço
e remato
com o esplendoroso laço da amizade
selado com o selo da verdade

E que remeto
pela via da saudade

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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Andava eu poetando por aí




Andava eu poetando
por aí
e além

Pintando
e musicando paisagens interiores
cenários da razão
veredas do coração
olhando a paixão
com desdém

Eis senão quando
o Universo desmorona

Tropeço numa candente estrela cadente
na lembrança de um amor ardente
que foi
mas já não é

Ou será que não será?!

Não!
Foi apenas uma explosão de saudade
que tudo deitou a perder
e mais me fez sofrer

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