segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Esta saudade cadela
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Os mais belos poemas de amor são escritos por quem não está verdadeiramente apaixonado
Muitos
poemas de amor
quiçá
os mais belos
são
textos singelos
escritos
por quem não está verdadeiramente apaixonado
Por
quem
em
rigor
a
si mesmo se engana
ou
por certo algum dia se enganou
Há mesmo
quem escreva sem saber que o diz
ou faz
julgando
ser feliz
embora
não sendo falaz
Há
quem viva na ilusão
no
desejo frustrado
na
esperança sem ensejo
na eterna
aspiração
quiçá
na simples fantasia
melhor
dizendo
não
desfazendo
na mais
pura poesia
Esta
a razão principal
pela
qual
há
tanto poeta a fingir
para
fugir
ou
se esconder
a escrever
sem saber
fantasiosa
poesia amorosa
imaginárias
dores cor de rosa
Quem
ama de verdade
vive
com tal intensidade o seu enamoramento
que
não tem arte nem tempo
para
escrever e dar publicidade
a
tal encantamento
Não
é, portanto, de espantar
que
os mais belos poemas de amor sejam escritos
por
quem não está verdadeiramente apaixonado
Vale
de Salgueiro, terça-feira, 21 de Setembro de 2010
Henrique
António Pedro
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Oração fúnebre para um amigo
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Para onde quer que vás Luís Vaz…
O imortal
poeta da gesta da lusa gente
morreu
na miséria
indigente
Dele me lembrei quando também passei
pela
Ilha de Moçambique
a mítica
ilha do mar Índico onde Luís Vaz
“o Camões”
penou
de verdade
de mão estendida à caridade
no
regresso do Oriente
expoente
de mil desilusões
Ali havia uma estátua de bronze
erigida num recanto sem encanto
que
servia de pouso a pássaros
que
lhe defecavam na cabeça
embora
melhor sorte mereça
Não sei se ainda lá estará
se agora já não jazerá
nalgum
monturo de inutilidades
nalgum
armazém de banalidades
ou ornamentará o lar dalgum nativo
mais
imaginativo
que
nele pressentiu a magia
e o
perfume
da
poesia
Foi lá
e então
que me ocorreu este poema
embora só agora o dê a lume
porque hoje em dia
na minha
desilusão ardem
sentimentos
frustrantes
de ser
português
e também
e talvez por também eu pertencer
aos
Vaz de Vilar de Nantes onde o poeta nasceu
Luís
Vaz foi um inútil até deixar de o ser
quando
a genialidade da sua poesia
gerou ventos e marés
e construiu autoestradas de sonho
por
cima do mar medonho
Foi um verdadeiro indigente
mais mal pago que um qualquer operário
que
com mais acerto, por certo
lavrava
a terra ou caiava paredes
Foi
um sem-abrigo
um semi-anjo
um quasi-deus
um
apátrida
um extraterrestre sem interesse
a quem o soldo não bastou
para
regressar à Pátria que o enjeitou
Poeta
e soldado o foi onde houve verdade
sonho,
amor, mistério e poesia
que
um dia ergueram um Império de Humanidade
hoje
em dia sem utilidade
tanto
quanto sei
Para
onde quer que vás, ou te levem, Luís Vaz…
irmão
amigo
eu lá estarei!
Contigo!
Vale
de Salgueiro, quinta-feira, 30 de Setembro de 2010
Henrique
António Pedro