Qual
o fim dos sentimentos
dos mais
fortes principalmente
amores
maiores
maiores
paixões
ódios
e rancores que não dirimimos
nos
fazem andar dias e dias a sofrer
noites
e noites sem dormir
de
coração demente a viver de ilusões?
Acontece-lhes
o mesmo que às pétalas inúteis das flores
que
empalidecem até secar
com
o perfume a diluir-se até deixar de ser aroma
e pés
e espinhos a apodrecer
até
deixarem de magoar
e de
fazer sofrer
Mas
não caiem na terra
nem
se transformam em húmus
não
se reciclam em novas flores
em
novas pétalas
novos
espinhos
novos
ódios
novos
rancores
novos
amores
novos
perfumes sequer
Convertem-se
em inócuas lembranças
que
o tempo lentamente faz atenuar
até
acabarem por entrar em torpor
e definitivamente
se esquecer
Para
que o espírito se possa transformar em puro amor
o fim
dos sentimentos é se desvanecer
até morrer
Vale
de Salgueiro, sábado, 1 de Novembro de 2008
Henrique
António Pedro