terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Amar sem sentir o coração bater
domingo, 1 de janeiro de 2017
Quando é a alma que nos dói
O corpo
quando nos dói
dói-nos por partes
nunca nos dói todo
inteiro
apenas em parte nos dói
Dói-nos um pé
uma mão
o peito
o coração
cada um com sua dor
Quando sentimos prazer
também o sentimos por partes
com distintas formas de gozar
cada uma com suas artes
Sentimos o tacto
o sexo
o sabor
o olfacto
o ouvido
o olhar
A alma não tem pernas
nem braços
nem olhos
nem ouvidos
nem mesmo coração
Mas caminha
ouve
vê
sofre
e ama
inteira
E quando amamos
ou sentimos dó
a alma sofre e ama toda
verdadeira
Porque a alma é Única
Una
Uma só
Vale de Salgueiro, 15 de Abril de
2008
Henrique António Pedro
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
Amanhã a Humanidade faz anos
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
Roubaram Jesus do Presépio
Tiraram
o Menino Jesus de ao pé da Virgem Maria, Sua mãe
e
de São José, Seu pai
e
puseram a Divina Criança a dormir ao relento
nua
no
meio da rua
sem
esperança
nem
razão de ser de tanto sofrimento
Roubaram
o Divino Menino do épico presépio
foi
o que foi
Quem!?
Os
donos do mundo, quem haveria de ser
e
muitos de nós também, para seu contento
Contrataram,
então, um velho barbudo e anafado
cognominado
Pai Natal à margem do Evangelho
promoveram-no
a chavão comercial
e
puseram-no a vender o feno, a palha e o esterco de curral
Que
Deus nos valha!
Ventos
de miséria e de guerra sopram agora por toda a Terra
a
Paz jaz sepultada em túmulos de dor
lado
a lado com o Amor
e
a verdadeira Luz
Neste
mundo governado por pilatos devassos
e
tirânicos herodes
ogres
satânicos
facínoras
dementes
que
assassinam santos inocentes
tentando
matar à nascença o pequenino Jesus
Que
terrível desaforo!
Escarnecem
da Virgem Maria
tratam
São José com aleivosia
vilipendiam
Cristo e a Cruz
É tempo de choro e de ranger de dentes
Vale
de Salgueiro, segunda-feira, 24 de Dezembro de 2012
Henrique
António Pedro
domingo, 18 de dezembro de 2016
Um sonho universal
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Um lapso de amor e dois de memória
Bebo café
em pé
ao balcão de uma pastelaria
O meu espírito anda longe dali
mais do que devia
sem um propósito declarado
Os olhos passeiam-se
absortos
por todo o lado
repousando vagamente sem querer
em quem entra
e quem sai
se é homem se é mulher
sem segunda intenção
Neste ínterim
a empregada
mulher linda
traz-me um pastel de nata
e pergunta-me se quero canela
A nata não seria para mim
mas de pronto respondo que sim
com mesura
e mais digo sem pensar
tocado pela sua formosura
que a quero a ela
Em dois momentâneos lapsos de tempo
acontecem dois simultâneos amorosos lapsos de
memória
de amor, café e canela
agridoce rapapé
sem vanglória
Fiquei sem saber quem eu era
onde estava
o que fazia ali
e qual seria o meu papel na história
Ante o meu embaraço
a empregada
sorri
ruborizada
Oh, que dilema!
De pronto recupero a lucidez
anoto o sorriso
perdão
o poema
num guardanapo de papel
sem mais demora
A empregada sorri-me outra vez
agora descarada
de soslaio
mas eu sem mais nada
saio
Venho-me embora
não vá ter outro relapso lapso de memória
Vale de Salgueiro, sexta-feira, 11 de Dezembro de
2009
Henrique António Pedro




