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terça-feira, 13 de junho de 2017

Os poetas são como os pássaros



Os poetas são como os pássaros

passam os dias a cantar

à espera da Primavera

para poderem amar

 

A Primavera dos poetas, porém

é como o vento

não tem hora de chegar

e quando chega

se chega

não sabe ninguém

quanto tempo

irá ela

demorar

 

As penas dos poetas não são penas de voar

são poemas

são dilemas

pesadas penas

de tanto se angustiar

 

São plumas coloridas com a cor do amor

a principal cor

da paleta do poeta

 

São alegrias fugidias

são versos

são poesias

 

Os poetas são como os pássaros

passam os dias a cantar

procurando em vão

seu coração alegrar

tristes por não saber

voar


Vale de Salgueiro, terça-feira, 3 de Março de 2009

Henrique Pedro





domingo, 4 de junho de 2017

Poema escrito com a tinta do meu coração




Escrevi umas tantas palavras
com a tinta do meu coração

Que verti em taça de cristal
à hora do meio-dia
quando o Sol está mais vertical
tal a paixão que em mim ardia

Enchi, depois, esse vaso cristalino
com luar
tal era o meu desejo de a amar

Ela pensou que era apenas perfume
que eu lhe oferecia

Aspirou-lhe, de pronto, o aroma
e tomou-lhe o sabor
sem se aperceber
que era um filtro de amor
que a incendiava com o lume divino da paixão
sem outro remédio nem contrição

Verti
por fim
tais palavras de poesia
com alegria
no rio do nosso destino

Assim a seduzi
a ela
e me redimi
a mim



segunda-feira, 29 de maio de 2017

Não se atiram pedras aos sonhos




Também

sobre mim

se abateu

o manto opaco da dúvida

que nada me deixava ver

ouvir

sentir

saber

 

Encurralado

não tinha como

nem para onde fugir

 

Andava perdido

como os demais

 

Vivia dias de pesadelo

com medo de viver

noites em vigília

gritando

com medo de dormir

 

Desesperado

atirava pedras aos sonhos

para os espantar

mas os sonhos regressavam

voando

em bando

teimando em não me largar

 

Era eu que não me dava por vencido

 

Acabei por compreender

que só acorda

quem se não deixa adormecer

e só vive quem sonha

e não atira pedras aos sonhos

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 7 de Janeiro de 2011

Henrique António Pedro

 



domingo, 28 de maio de 2017

Coisas que me dizes sem querer



Dizes-me coisas que nada me dizem

Coisas que a mim me fazem sofrer

Coisas que tu não dizes por dizer

Coisas que a ti só te contradizem

 

Coisas que tu me dizes sem querer

Coisas que os teus olhos bem desdizem

Coisas que contigo não se condizem

Coisas que tu dizes, mas a doer

 

Coisas que a ti dizes sem saber

Coisas para que meus olhos ajuízem

Coisas de bem-querer, é bom de ver

 

Coisas e sorrisos a desdizer

Coisas que de ti mesma tão bem dizem

Coisas e coisas só para me prender

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 12 de Junho de 2012

Henrique António Pedro



sábado, 20 de maio de 2017

Há amar e amar, há partir e ficar







Especado no cais
hesito entre partir e ficar
ir atrás do seu olhar

Abstraio-me

Dou asas ao coração
mergulho na sua imagem
no reino da ilusão

Inunda-me uma vaga de desejo
venço a onda do embaraço
passo à acção
à palavra
ao beijo
ao abraço

Afirma-se a paixão

Sinto que ela me quer
que não é miragem

Será que existe?

Ela insiste

Especado no cais
hesito entre ficar
e partir
ir atrás do seu olhar

Não sei para onde me leva
nem para onde ela vai

Há amar e amar
há partir e ficar



sexta-feira, 19 de maio de 2017

A insana ânsia de imortalidade




Leva-nos para lá da morte

A ânsia de imortalidade

A insana procura da verdade
que nos leva a morrer
e a matar

É a insana ânsia de imortalidade
que nos faz cantar
bailar
amar
escrever
sofrer
tentar a sorte

É mais que vaidade
querer perlongar o viver
desejo de fama

Emerge do âmago do nosso ser

É Deus que nos chama