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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Debandada de aves a dizerem adeus



Vivíamos os dias

quais aves

leves

livres

felizes

a voar

em bando

 

De asas a adejar

a acenar

amando

 

E as noites pousados nos ramos das árvores fraternais

a sonhar

 

E assim foi o nosso brando viver

a voar em bando

sem sabermos sequer o que seria emigrar

 

Até que um dia a vida virou debandada de aves a voar

de asas adejar

a acenar

a dizer adeus

para não mais voltar ao lar

e nos voltarmos a ver

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Março de 2010

Henrique António Pedro

 

 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Sentado à lareira da saudade


Sentado à lareira da saudade

partilho o pão da amizade

o mosto da alegria

a doçura da nostalgia

 

Que sou eu, afinal?

 

Sou suor do rosto de meu pai

lágrima na face de minha mãe

água cristalina que canta na garganta

nas tardes cálidas verão

 

Sou a chama da lareira que me arde no coração

a quietude dos olivais

a virtude dos trigais

 

Sou o milagre intemporal

desta nostalgia agridoce

que se abre em Eternidade

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Março de 2010

Henrique António Pedro

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domingo, 14 de dezembro de 2025

Hora de ponta


Tamborilo no tabliê
e assobio
ao ritmo do blue radiodifundido pela Rádio Renascença
parado no tráfego
que transita entre mim e as nuvens

De regresso a casa
à hora de ponta

Uma loira
no descapotável a meu lado sorri-me


Respondo
com sorriso similar
mas digo
baixinho
só para mim
« Que pena. Não vou para esses lados»

Na outra faixa
um sujeito corpulento abre o vidro
e grita para o da frente:
«Seu panhonha!»

Bem aconchegado no seu mini “smart “
o lingrinhas responde:
«É a tua mãe»
e arranca de supetão


Felizmente o semáforo abrira, porém


Infelizmente Portugal acabou por empatar
no jogo de abertura com a Costa do Marfim

Cada vez mais ruim
esta crise

 

Lisboa, quarta-feira, 16 de Junho de 2010

Henrique António Pedro

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Há dias assim



Foi a primeira coisa que fiz mal acordei

 

Ir espreitar

sorrateiro

pela janela

desejoso de que o Inverno não tivesse ainda terminado

 

Pretendendo que o vento

e a chuva

e o frio

obstassem a que saísse de casa

e pudesse ter uma justificação

para permanecer amuado com o destino

 

Estava querendo continuar fechado dentro de mim

trancado por dentro

mergulhado na mais fria solidão interior

 

Sentado

impávido

imóvel

com as mãos a espremer o crânio

capaz de esborrachar o cérebro

e de abafar qualquer ideia de liberdade

 

Lá fora, porém

está um sol radioso

os campos já se recobrem de verde

ouve-se o trinado dos passarinhos

e já explodem em cor, som e luz os primeiros acordes da Primavera

 

Saio de um salto de dentro da minha nostalgia

mergulho no seio da liberdade

 

Todos os dias são assim

para mim

um convite a que saltemos de dentro de nós

logo pela manhã

afastemos o mau pensamento

e mergulhemos na alegria

 

Mesmo se chove

faz frio

e sopra o vento

 

Todos os dias acontece o milagre da poesia

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 17 de Março de 2010

Henrique António Pedro

 

 

domingo, 7 de dezembro de 2025

Melhor é amar e deixar o tempo passar


As folhas do calendário

ordenam o nosso fadário

 

Registam os dias

os meses e os anos

as alegrias

os enganos

o sofrimento

 

Os relógios marcam as horas

e as demoras

da felicidade a chegar

 

O coração bate ao ritmo da desilusão

 

Não há tempo a perder

melhor é esquecer

parar de sofrer

amar

e deixar o tempo passar

 

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 31 de Dezembro de 2012

Henrique António Pedro

 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Clímax



Com o sono e o sonho

no clímax

do enlevo

e da lascívia

como se vivesse a vida sonhada

e a felicidade estivesse acordada

 

Quando me apetecia tudo menos acordar

eis que toca o despertador

a realidade desperta

fica a felicidade adormecida

 

Ó que estranha troca!

 

Abro a janela

aspiro ao ar fresco da manhã

a Natureza no seu esplendor

é outra fantasia

 

Será que de novo sonho?

 

Desperto no melhor da realidade

acordo no melhor do sonho

não durmo

nem discuto o dilema

simplesmente

vivo

 

Inalo uma pitada de poesia

e lavro este poema

 

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 13 de Abril de 2010

Henrique António Pedro