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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Saudade é amor e solidão




Quereria ficar ela
eternamente sentados
na fraga debruçada sobre o lago
em que costumávamos namorar
em silêncio
abraçados
ao luar

Nas encantadas noites de Verão
quando o nosso lema era
apenas:
«Amor e solidão»

Ficávamos de amor abraçados
sós
e em silêncio
abandonados
em toda a amplidão do Universo
que em verso
se abria em nosso coração

Agora que estamos afastados
de amor apartados
continuamos sós
em toda a dimensão do Cosmos
que se fechou em nosso coração

Mas eu continuo a querer ficar com ela
eternamente sentados
na fraga debruçada sobre o lago
em que costumávamos namorar
abraçados
em silêncio
ao luar

Por isso escrevi esta poesia sem alegria
que é um estátua viva de saudade
esculpida na própria fraga
debruçada sobre o lago
em que costumávamos namorar
abraçados
em silêncio
ao luar

Estátua que ali vai ficar erguida
a gritar
para a eternidade
esta dor
sem remissão:

“Saudade é amor e solidão”

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Do Amor e de Deus





Por qualquer inaudita razão
que não é assim tão evidente como eu pensava
as palavras mais frequentes nos meus poemas
são Amor e Deus

Dir-se-á que sou um homem de fé

Não
não sou um iluminado
nem tenho assim tanta fé

Sou antes um homem de dúvidas
de dilemas
sem dívidas para ninguém
mas que tem um pouco de esperança

E só tenho esperança
porque vivo na incerteza
sinto as minhas dores
e as dos outros
sou dado a amores
e vivo angustiado

Por isso rezo
e me reveso
em religiosidade
embora não saiba onde mora a verdade

Amor e Deus
são a mesma coisa

Deus mora no meu coração

O Amor é a Sua emanação

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Este poema é para si




É com alegria

que lhe dou a ler

esta banal poesia

que escrevi

a pensar em si

 

Você é um ser único

sem igual

 

Vive aqui a meu lado

e faz-me companhia

neste mundo encantado

de sonho e fantasia

no qual

só o amor é real

 

Em si me vejo

e revejo

porque lê o que escrevo

embora eu não saiba se sente o que eu sinto

e se pensa o que eu penso

ainda que sinta e pense bem

 

Por isso lhe sorrio

e lhe envio também

este abraço

sem embaraço

e lhe expresso amizade

de verdade

 

Obrigado

portanto

por comungar

e partilhar

este meu encanto

 

Vale de Salgueiro, domingo, 25 de Julho de 2010

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Amar mais e mais e mais




Os meus olhos não vêem além do horizonte
e os meus ouvidos
não escutam mais que os sons e os ruídos próximos
fugidios

As minhas mãos não tacteiam mais que a pele de corpos
e a superfície dos objectos

O meu coração apaixona-se sem sabe porquê
e o meu cérebro mais não suporta que uns quantos raciocínios

A minha alma angustia-se e mergulha em ansiedade
porque não sou livre
e estou limitado
encarcerado
dentro de mim

A olhar o mundo e o cosmos
por uma estreita fresta
por onde mal passa a luz do dia

Por isso o meu espírito se incendei em poesia
e anseia por ver mais
tactear mais
ouvir mais

E amar mais
e mais
e mais

sábado, 28 de novembro de 2015

Ando a ler o livro da vida






Poeta
ando a ler o livro da vida
de alma aberta
e a fazer anotações nas margens
com poesia

Os meus poemas são meras observações
são exclamações de espanto
de amor
e de dor
também de encanto
e de alegria

São dúvidas
interrogações
hinos de louvor ao Criador
são fantasia
desejo de não morrer

Os meus poemas são miragens
miscelâneas interiores
de amores, cores, sons e sentir
imagens instantâneas
daquilo que dia a dia
me é dado perceber

São o antecipar do devir
a marca do meu ser

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Abre-se a noite em dia


 

 
Uma daquelas noites em que não dormia
porque mais me apetecia
manter-me desperto
em prazerosa vigília

Uma daquelas noites
mais claras que o próprio dia
em que eu não dormia
porque coisas simples
prosaicas
me despertavam

Naquela noite fria
arejada de brisas etéreas
claramente percebia
que a minha vista é insuficiente
incapaz de ver para lá das estrelas
que curtos são os meus ouvidos
que não ouvem para lá do que me rodeia
apenas os sons compatíveis
com a frequência que nos tímpanos serpenteia
e tão frágil é o meu pensamento
que embora mais ágil que o vento
nunca me traz certezas

Mergulho no Firmamento
irisado de cósmico albedo
límpido e transparente
semeado de estrelas
banhado de luar irreal
cor de esmeralda
 
Percebo a sinfonia de fundo
o coaxar das rãs
o relar dos grilos
o latir dos cães
o pio esporádico de alguma ave nocturna
que soturna me vem lembrar
que me não devo deixar dormir
porque estou ali para acordar

Assim se vai abrindo dentro de mim
a noite em dia
e de místico luar
se me ilumina a alma

Por isso não consigo dormir
até poder ver
ouvir
e despertar