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domingo, 22 de setembro de 2024

Anónima


Eu estava ali de passagem

E não ia a fim de me prender

 

Nem tão pouco andava à procura de um inopinado prazer

 

Ela olhou-me à hora de jantar

Com um inexpressivo olhar

Um sorriso sedutor

Ambíguo de interesse

E de certa superioridade

 

Eu mirei-a de soslaio

Apreciando a sua elegante sensualidade

Sem lhe dar a entender

De alguma forma me interessar

 

Porém…

 

Na última noite da minha curta estadia

Percebi que a porta do meu quarto

Muito de mansinho se abria

Para deixar passar alguém

 

Era ela!

Fingi que dormia

Enquanto sentia

Que se deitava a meu lado

Qual amante clandestina

 

E me segredava em surdina

Perante o meu espanto

Que poderia matar ou morrer

Mas que preferia viver

 

Que estava ali apenas para amar

E melhor seria

Portanto

Que eu ficasse calado

E a possuísse

Apaixonado

 

Lá teria a sua razão

Pensei para comigo

Melhor seria não forçar o destino

Já que nunca entendi bem

O coração feminino

 

E assim…

 

Mais por ela

Que por mim

Aquela fortuita noite de Verão

Converteu-se em fogo

Num frenesim

Num vulcão

Num dramático acto

De prazer e paixão

 

E só quando ela se retirou

Sorrateira como entrou

Continuando eu acordado

Me apercebi pela janela entreaberta

Que o céu estava lindo

Estrelado

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 14 de Novembro de 2008

Henrique Pedro

 

in Mulheres de Amor Inventadas

Copyright © Henrique Pedro (prosaYpoesia)

1.ª Edição, Outubro de 2013

Depósito legal n.º 364778/13

ISBN: 978-989-97577-2-1

 

 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Palavra de poeta


Ideia

é semente

que o Espírito semeia

na Mente

 

E que a Razão cultiva e lavra

para produzir a Palavra

a forma mais explícita

e selecta

de comunicar

seja dita

ou escrita

 

Com a Palavra

Acende-se a luz da pura Comunicação

estendemos a mão ao nosso irmão

e assim se induz a Cultura

 

E se a Palavra é dita

ou escrita

com ternura e Alegria

e lhe juntamos um pouco de Fantasia

então

acontece

Poesia

 

Palavra de poeta

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 15 de Maio de 2009
Henrique António Pedro

 

sábado, 7 de setembro de 2024

Pedro, pedreiro de poemas


Arranco uma pedra

uma ideia

cheia

tamanha

da montanha em que medra

a inspiração

 

Uma pedra de angústia

de dor

de amor

um seixo de saudade

 

Um penedo de coragem

de medo

ou desilusão

 

Olho-a na perspectiva da verdade

burilo-a com os olhos e os ouvidos

afino-lhe a imagem

com os cinco sentidos

 

Martelo-a com o coração

afeiçoo-lhe o metro e a rima

adoço-lhe a entoação

e douro-a de fantasia

 

Assim humildemente componho

uma peça de poesia

que exponho

ao olhar da multidão

 

Na ideia de que será digna de figurar

nalguma antologia

paradigma de criação

 

Vale de Salgueiro, 5 de Maio de 2008

Henrique António Pedro

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Fado da morena


Não tenham pena

da morena

que não saber ler

que a morena

sabe escrever

falar e dizer

com seu olhar

melhor

que ninguém

 

Escreve poesia

como nunca li

nem ouvi

delicia

deleita

sabe bem

 

De noite

ou dia

quando anda

quando fala

quando dança

quando canta

se deita no leito

no perfume que exala

ou simplesmente sorri

 

Cada trejeito

seu

é um verso

um universo

de bem escrever

que faz o jeito

meu

 

E seu corpo é um poema

de poesia de encantar

que só mesmo a morena

sabe declamar

 

Vale de Salgueiro, domingo, 29 de Maio de 2011

Henrique António Pedro

 

 

 

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Poeta cósmico cavaleiro andante


Já longa vai a vigília na pétrea catedral

em que aguardo ser armado cavaleiro

cósmico menestrel

guardião do templo sideral

 

O elmo

a pena

a espada

o tinteiro

o hábito de burel

repousam a meu lado

 

Iluminado pela luz da poesia

preparo-me para investir

mal veja luzir

a luz do dia

 

Será que por alguém sou amado?!

É a minha dúvida crucial

 

Em que deserto

em que oásis

em que chama

em que cama se aquece

e adormece

a minha dama

que a não vejo sorrir?

 

Já a saudade me desfalece

e na dúvida me balouço

 

Será que ela existe

que tem rosto de mulher

de menina

de espectro do além?

 

Alma tem

e de rainha

que interage com a minha

 

Já braços não que não me abraçam!

Nem voz que a não ouço!

 

Quando a vigília terminar

e o sol se abrir

se irá ela revelar

e a mim me redimir

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 12 de Outubro de 2009

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Para mais amar reclamo a Eternidade




(in Introdução à Eternidade (1.ª Edição, Outubro de 2013))

 

Para melhor viver

contente

radiante

com verdade e poesia

espalhando felicidade por toda a gente

requeiro prazer

e alegria

 

Já para sofrer

e morrer

basta-me um só instante

 

Mas para mais e melhor amar

e a felicidade alcançar

reclamo a Eternidade

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 9 de Dezembro de 2009

Henrique António Pedro