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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Apenas lágrimas para partilhar



Apenas lágrimas para partilhar

in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)

Quando

e onde nasci

mum pequeno mundo rural

do Portugal implantado na Europa

por engano

ainda se bendizia a Deus

pelo pão de cada dia

se benziam as colheitas de cada ano

e se celebrava o seu sucesso com alegria

 

Porque se sabia quanto custava

andar um ano inteiro a mourejar

ao sol ardente

à chuva

ao frio

e à geada

para se conseguir o sustento

um naco de pão que fosse

arado, semeado, ceifado, malhado, moído, amassado, cozido

partido e repartido

com dor

amor

e suor

à força da enxada

e do timão

 

Mergulhou-se depois num mundo fácil

de frágil

e fugaz ilusão

 

Com demasiada gente que deveria chorar mas que cantava

e ria

por tanto ter que esbanjar

que adorava os falsos deuses que lhes punham a mesa farta

e do mundo da miséria os apartava

mas lhes encondia a verdade

 

Agora

são milhares os seres humanos que não têm que comer

nem deuses a quem agradecer

e que apenas têm lágrimas

para partilhar!

 

Mais a angústia de não saber que fazer

 

Agora

mais do que nunca

tem sentido a palavra solidariedade

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 10 de Junho de 2009

Henrique António Pedro

5 comentários:

  1. Henrique,
    Obrigada, por através da poesia, tentares despertar as (in)consciências daqueles que se esquecem de agradecer a Deus a abundância e as muitas graças concedidas e não enxergarem com os olhos da alma as carências dos seus irmãos.
    Beijo da amiga
    Nanda

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  2. Quantas vezes me lembro da célebre frase "Quem tem um pedaço de terra, tem tudo". Perdeu-se o sentido da terra que nos alimenta, dos rios que nos fornecem a água tão preciosa para a vida e o que resta? Angústia e solidão por entre blocos de cimento armado entremeados de rios de betão que são infecundos, que engoliram e destruíram valores

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  3. Para muitos a vida é muito difícil e jamais deveria haver guerras entre seres humanos, é o maior desrespeito a vida, parabéns pelo belo poema...

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  4. Henrique!
    Parabéns pelo seu belo espaço cultural.
    Esse poema, tocou-me a alma, demonstrando a situação de Portugal hoje, que não é apenas ao seu Pais, mas o mundo todo sofre essa falta de sensibilidade e gestão dos ocupantes do Pode. O povo sofrido, suplica por melhorias e sua qualidade de vida..
    Triste realidade..
    Abraço de sua nova amiga
    Luiza

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  5. Adorei o seu poema, os valores são essenciais, o respeito e o uso da solidariedade são essenciais nos dias que decorrem. Abraço poético

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