Apenas lágrimas para partilhar
in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)
Quando
e
onde nasci
mum
pequeno mundo rural
do Portugal implantado na Europa
por
engano
ainda
se bendizia a Deus
pelo
pão de cada dia
se
benziam as colheitas de cada ano
e se
celebrava o seu sucesso com alegria
Porque
se sabia quanto custava
andar
um ano inteiro a mourejar
ao
sol ardente
à
chuva
ao
frio
e à
geada
para
se conseguir o sustento
um
naco de pão que fosse
arado,
semeado, ceifado, malhado, moído, amassado, cozido
partido
e repartido
com dor
amor
e suor
à
força da enxada
e do
timão
Mergulhou-se
depois num mundo fácil
de
frágil
e
fugaz ilusão
Com
demasiada gente que deveria chorar mas que cantava
e ria
por
tanto ter que esbanjar
que adorava
os falsos deuses que lhes punham a mesa farta
e do
mundo da miséria os apartava
mas
lhes encondia a verdade
Agora
são
milhares os seres humanos que não têm que comer
nem
deuses a quem agradecer
e que
apenas têm lágrimas
para
partilhar!
Mais
a angústia de não saber que fazer
Agora
mais
do que nunca
tem
sentido a palavra solidariedade
Vale
de Salgueiro, quarta-feira, 10 de Junho de 2009
Henrique
António Pedro
Henrique,
ResponderEliminarObrigada, por através da poesia, tentares despertar as (in)consciências daqueles que se esquecem de agradecer a Deus a abundância e as muitas graças concedidas e não enxergarem com os olhos da alma as carências dos seus irmãos.
Beijo da amiga
Nanda
Quantas vezes me lembro da célebre frase "Quem tem um pedaço de terra, tem tudo". Perdeu-se o sentido da terra que nos alimenta, dos rios que nos fornecem a água tão preciosa para a vida e o que resta? Angústia e solidão por entre blocos de cimento armado entremeados de rios de betão que são infecundos, que engoliram e destruíram valores
ResponderEliminarPara muitos a vida é muito difícil e jamais deveria haver guerras entre seres humanos, é o maior desrespeito a vida, parabéns pelo belo poema...
ResponderEliminarHenrique!
ResponderEliminarParabéns pelo seu belo espaço cultural.
Esse poema, tocou-me a alma, demonstrando a situação de Portugal hoje, que não é apenas ao seu Pais, mas o mundo todo sofre essa falta de sensibilidade e gestão dos ocupantes do Pode. O povo sofrido, suplica por melhorias e sua qualidade de vida..
Triste realidade..
Abraço de sua nova amiga
Luiza
Adorei o seu poema, os valores são essenciais, o respeito e o uso da solidariedade são essenciais nos dias que decorrem. Abraço poético
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