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sábado, 28 de setembro de 2024

Caído de um buraco do céu


O céu comum

é o tecto do mundo

feito de nuvens e de sonhos

e ponteado de estrelas

 

Com buracos medonhos

de imaginação

por onde escorre a chuva

quando os anjos obreiros

a mando de Deus

lavam o além

 

E revoadas de pássaros de arribação

se escapam do paraíso

para vir alegrar o ar

e aplacar a fome a guerra

na Terra

 

De um desses buracos eu caí

em dia de trovoada

numa noite iluminada

por relâmpagos de paixão

vaidade

e fantasia

 

A esse céu de nostalgia

onde mora a felicidade

procuro agora

em vão

regressar de verdade

pela escada da poesia

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 31 de março de 2017

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Temo a mim mesmo em mim me perder





Cavalga nas nuvens o destino

disparando sobre mim

relâmpagos e trovões

emoções de menino

 

A mim

sem mim

não me imagino

 

Não sei que substância é a minha

quem é o eu que em mim habita

que força move o meu pensamento

que sentimento me comove

que verdade me acredita

 

Temo a mim mesmo em mim me perder

 

No meu cérebro bailam dilemas

que florescem em poemas

garantes da minha glória

 

Sinto medo de os esquecer

sem outro meio de os escrever

que não seja na memória

 

A menos que alguém

que como eu ande perdido também

os queira declamar

 

Anjo serafim em mundo de ilusões

por força de muito amar com amor

rendo-me ao vento divino

temo a mim mesmo em mim me perder

 

A mim

sem mim

não me imagino

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 14 de Outubro de 2010

Henrique António Pedro

 

domingo, 22 de setembro de 2024

Anónima


Eu estava ali de passagem

E não ia a fim de me prender

 

Nem tão pouco andava à procura de um inopinado prazer

 

Ela olhou-me à hora de jantar

Com um inexpressivo olhar

Um sorriso sedutor

Ambíguo de interesse

E de certa superioridade

 

Eu mirei-a de soslaio

Apreciando a sua elegante sensualidade

Sem lhe dar a entender

De alguma forma me interessar

 

Porém…

 

Na última noite da minha curta estadia

Percebi que a porta do meu quarto

Muito de mansinho se abria

Para deixar passar alguém

 

Era ela!

Fingi que dormia

Enquanto sentia

Que se deitava a meu lado

Qual amante clandestina

 

E me segredava em surdina

Perante o meu espanto

Que poderia matar ou morrer

Mas que preferia viver

 

Que estava ali apenas para amar

E melhor seria

Portanto

Que eu ficasse calado

E a possuísse

Apaixonado

 

Lá teria a sua razão

Pensei para comigo

Melhor seria não forçar o destino

Já que nunca entendi bem

O coração feminino

 

E assim…

 

Mais por ela

Que por mim

Aquela fortuita noite de Verão

Converteu-se em fogo

Num frenesim

Num vulcão

Num dramático acto

De prazer e paixão

 

E só quando ela se retirou

Sorrateira como entrou

Continuando eu acordado

Me apercebi pela janela entreaberta

Que o céu estava lindo

Estrelado

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 14 de Novembro de 2008

Henrique Pedro

 

in Mulheres de Amor Inventadas

Copyright © Henrique Pedro (prosaYpoesia)

1.ª Edição, Outubro de 2013

Depósito legal n.º 364778/13

ISBN: 978-989-97577-2-1

 

 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Palavra de poeta


Ideia

é semente

que o Espírito semeia

na Mente

 

E que a Razão cultiva e lavra

para produzir a Palavra

a forma mais explícita

e selecta

de comunicar

seja dita

ou escrita

 

Com a Palavra

Acende-se a luz da pura Comunicação

estendemos a mão ao nosso irmão

e assim se induz a Cultura

 

E se a Palavra é dita

ou escrita

com ternura e Alegria

e lhe juntamos um pouco de Fantasia

então

acontece

Poesia

 

Palavra de poeta

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 15 de Maio de 2009
Henrique António Pedro

 

sábado, 7 de setembro de 2024

Pedro, pedreiro de poemas


Arranco uma pedra

uma ideia

cheia

tamanha

da montanha em que medra

a inspiração

 

Uma pedra de angústia

de dor

de amor

um seixo de saudade

 

Um penedo de coragem

de medo

ou desilusão

 

Olho-a na perspectiva da verdade

burilo-a com os olhos e os ouvidos

afino-lhe a imagem

com os cinco sentidos

 

Martelo-a com o coração

afeiçoo-lhe o metro e a rima

adoço-lhe a entoação

e douro-a de fantasia

 

Assim humildemente componho

uma peça de poesia

que exponho

ao olhar da multidão

 

Na ideia de que será digna de figurar

nalguma antologia

paradigma de criação

 

Vale de Salgueiro, 5 de Maio de 2008

Henrique António Pedro

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Fado da morena


Não tenham pena

da morena

que não saber ler

que a morena

sabe escrever

falar e dizer

com seu olhar

melhor

que ninguém

 

Escreve poesia

como nunca li

nem ouvi

delicia

deleita

sabe bem

 

De noite

ou dia

quando anda

quando fala

quando dança

quando canta

se deita no leito

no perfume que exala

ou simplesmente sorri

 

Cada trejeito

seu

é um verso

um universo

de bem escrever

que faz o jeito

meu

 

E seu corpo é um poema

de poesia de encantar

que só mesmo a morena

sabe declamar

 

Vale de Salgueiro, domingo, 29 de Maio de 2011

Henrique António Pedro